quarta-feira, 26 de novembro de 2008


Murillo


E agora, Murillo?
O ano está terminando.
O ensino médio está acabando.
O estágio também.
E o ano que vem?
E agora?

E agora, Murillo?
As responsabilidades virão.
Terá de lutar pela sua independência
Caminhara sozinho a partir de agora.
Murillo, e agora?

E agora, Murillo?
Que está completamente só.
Sua melhor amiga está longe.
Seu namoro acabou.
Suas esperanças também.
Vai fazer o que, Murillo?


E agora, Murillo, e agora?


Uma paródia ridicula de uns dos poemas de Carlos Drummond de Andrade, e esse em particular se chama José, de forma que minha paródia se chama Murillo.

sábado, 22 de novembro de 2008


Por fim as sombras possuem minha alma e nada mais que uma desesperança se encontra em minha face. Apenas quero olhar no espelho e ver no reflexo não a mim, mas outra pessoa. Porque quando olho para meu interior apenas enxergo o fracasso. O porquê de tanto batalha para no final não vencer a guerra? E na covardia que emana de minhas lágrimas e de meu silêncio aos poucos vou me entregando e desistindo de tentar ser feliz, de tentar prosseguir...


E ainda que tenha mil pessoas a minha direita e mais mil a minha esquerda, eu me sinto completamente solitário, porque você está mais em volta para me encher por inteiro e ser equivalente a um milhão.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008


Muito me espantei quando me vi lá, na porta da igreja matriz, sozinho, esperando o carro chegar para que nos levassem ao retiro espiritual. A proposta surgiu no meio da semana, uma velha amiga queria a minha presença no ciclo de irmãos que fariam a viagem. No sábado, o dia da viagem, a surpresa, eu liguei para seu número, ela não ia mais. Me revesti de toda a coragem que eu não tinha e fui sozinho.

Já bastante arrependindo sentei isolado em um canto a espera do meio de locomação que parecia não querer chegar, uma "irmã" se aproximou de mim e disse:" Murillo, amor, que bom que veio". me espantei, não reconhecia seu rosto, estava timido, não queria desapontá-la e dizer que não a conhecia, mas ela facilitou as coisas para mim:" Não se preocupe, você não me conhece, mas já ouvi falar muito sobre você". Conversamos, a viagem se tornara mais agradável.

Chegando a um pequeno povoado, um local sem muitos atrativos, seco por causa do calor... e sem água. Tinhamos que tirar a água de um poço para fazermos qualquer coisa. Confesso ter achado muito divertido. A primeira atitude que tivemos foi arrumar a casa que estava uma completa zona. O espirito de união e trabalho dominava aqueles treze adolescentes que naquele momento julgavam-se donos de si, afinal de contas não é todos os dias que se permace sozinho, sem os cuidados dos pais, tendo de se virar sozinho.

Dentre todos eles um me chamou mais a atenção, um jovem sério, calado, prestativo, sua ansiedade me inquietava, não parava por um segundo, sempre estava fazendo alguma coisa, e o mais interessante e que ele sabia fazer tudo, mas de tudo mesmo. Montara uma fongueira para ascendermos a noite,e fizera nosso jantar, uma deliciosa macarronada. Ele era bonito, mas nada que prendesse sua atenção por muito tempo, mas o que encantava a mim era a forma que ele gostava de anular a sua presença, passar despercebido. Logo dei um jeito de me aproximar dele, mas percebi que a concorrencia era grande, haviam dez mulheres que pensavam da mesma forma, e claro, as dez com a enorme vantagem de serem mulheres, porque isso facilitava muita coisa.

Depois a maioria se recolheu em suas camas um pequeno grupo permaneceu acordado, claro, o meu "homem multiuso com n ultilidades" estava lá, formara uma foguira menor para que pudessemos ficar ao redor dela, e eu disse: "Só faltou o machimellow". Ele disse: "Serve salsicha". Fui buscá-la. Nós conversamos muito, o grupo todo se identificou, eramos 6 ao todo. Ao longo da madrugada nossas mentes diabolicas comerçaram a trabalhar, acordariamos todos com pastas de dente em seus rostos, era um retiro, os desistentes a resistência contra o sono teriam de ser punidos. No ínicio sujamos a nos mesmos, eu disse: " Vou botar a minha inicial em sua testa". Ele apenas sorriu. Coloquei meu M. Logo depois invadimos o quarto das meninas, a brincadeira não deu muito certo, a coordenadora queria nos expulsar. Mas logo as coisas foram se acalmando, mesmo assim, o clima ainda estava um pouco pesado. Ele e eu fomos para o lado de fora, ele foi tomar banho em uma bica que tinha no quintal. Eu não queria voltar lá, estavam todas com raiva. Eu disse: "Nossa, estão bravos, não quero voltar para lá". Ele disse: "Então fique aqui, não ligo de ser assistido enquanto tomo banho". Sentei no murinho que cercava a bica. Enquanto ele tirava a roua meu coração pulsava mais forte, tentava não olhar para ele, ou olhar somente para seus olhos,mas os meus simplismente não me obedeciam. Enquanto conversavamos eu olhava para o corpo dele, para a pele morena, olhava discretamente, timido, deslumbrado.

Com o passar da horas tudo se resolveu, fomos para a porta de uma igreja, rezamos avé maria, pai nosso, entre outras. Ao retornarmos para a pequena casa as tarefas foram dividas, deveriam fazê-las em silêncio para que podessemos "perceverar em Jesus", palavras da coordenadora. Ao fim da tarefa estava deitado ao lado de uma amiga que fiz por ali mesmo, ela estava com dor nas costas, reclamava e fazia cara de dor, então, eu logo pensei que "o garoto multiuso" saberia fazer uma massagem, fui atrás dele, e ele estava na cozinha preparando um churrasco, perguntei: "Minha colega está com dor nas costas, você sabe fazer massagem"? Ele respondeu que sim com a cabeça e disse: "Faça assim: cruze os braços na altura do peito e... espera". Ele se posicionou atrás de mim, abraçou-me segurando os meus braços e levantou a minha coluna que deu um estralo. A sensação que eu tive foi indescritível, ter o seu corpo abraçado ao meu foi...

Era hora de voltarmos para casa, fiquei triste, estava acostumado a conviver com eles, era divertido, cada um foi para um canto e o meu amor de fim de semana se aproximou, pediu para acomodar-se no meu colo, primeiramente fiquei vermelho e depois disse sim. Aproveitei para mecher em seu cabelo, de forma discreta, acho que nem ele percebeu, nossa aventura terminou com o carro da polícia federal pedindo para que encostassemos o carro cujo documento estava a 4 anos vencido.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

A dor.


Sofrer é um processo natural de aprendizagem, de maturidade.

Por correr em nossas veias a sensibilidade , ou seja, por sermos capazes de amar, de sentir, de nos apegar, nos tornamos fáceis vitimas da dor. Sofrer prova nossa humnidade, nossa fragilidade. Acredito que a dor em seu silêncio nos ensina, edifica e constroi o carater do individuo.

Há dores que se curam, outras que permanecem, e latejam , talvez para lembrar-nos que erramos. No entanto o SOFRIMENTO contínuo e desenfreado ao contrário de edificar, desmonta, destroi,o sofrimento permace até quando permitimos, e dele temos que nos livrar rápido.

Pode parecer difícil em meio a tantos turbilhões de informações e em meio a dor procurar aquilo que nos torne mais fortes, mas ela nos torna mais experientes, mais sábios e se soubermos sentir dor ela nos ensinara aquilo que não se aprende na sala de aula.

Não pergunte a si mesmo o porque de tanto sofrimento, procure no sofrimento a lição de vida que ele veio lhe trazer.

domingo, 2 de novembro de 2008

Estamira.


O filme Estamira me surpreendeu, o discurso de uma mulher que diz ter sido enviada ao mundo para revelar a verdade, para lutar contra o "trocadilo" parece não fazer o menor sentido. Mas ela com toda a sua insanidade ao final do filme parece estar mais lúcida do que todos nós.


Depois de ter sido abusada pelo padrasto quando ainda jovem e após isso enviada a um bordel, o mesmo crime se repete já adulta na própria rua onde morava, e ela grita: "Pára pelo amor de Deus". O estuprador responde a ela: "Deus não existe". Casou-se duas vezes, ambas as tentativas de ser feliz fracassaram, com dois filhos, esta mãe solteira teve que criar sua prole com a única arma que tinha, a determinação.


A vida foi muito dura para Estamira, a realidade se tornara insuportável, ela precisa enlouquecer,ela precisa fugir desse mundo. Aos poucos se revoltara contra a vida, contra o "trocadilo". E aos poucos os sinais de loucura e insanidade foram apontando. Agora refugiada em seu subconsciente mudara-se para o lixão, onde julgava ter uma vida feliz, simples e feliz. O que tinha para nos ensinar aquela louca mulher?Aquela mulher que não suportou as surras da vida? No meio de seus discursos insanos habitava a verdade, habitava a dor e o sofrimento de um ser humano.


O trocadilo dito tantas vezes por ela, significa a ordem inversa das coisas, para ela todos estão vivendo de maneira incorreta, estão fazendo tudo ao contrario, não acreditava no Deus do homem, no Deus que puni e é vingativo "Eu não acredito nesse Deus arrombador de casas, nesse Deus vingativo, nesse Deus trocadilo", dizia. Acreditava em um Deus que amava os homens , e por amá-los nunca os machucaria, nunca cometeria injustiças, nunca a ofereceria mais daquilo que ela poderia suportar.


Estamira é um fime/documentário que surpreende por nos atingir de fora direta, porque estamos conscientes da realidade, mas preferimos fingir que nada está acontecendo, e ela está lá para mostar a nós isso, ela está lá para nos revelar a verdade. Estamira é um filme que choca.