quinta-feira, 18 de dezembro de 2008


Eu não poderia deixar de notar a maneira pela qual ele passava na porta do meu escritorio e sorria para mim, sorria de uma forma tão ingênua e inocente. Apesar desses sinais eu estava relutante em acreditar que um homem bonito, charmoso e ainda por cima estudante de enfermagem como ele estaria se sentindo atraido por mim, um jovem estagiario de 17 anos que acabara de concluir o ensino médio.

Alguns dias depois me encontrava na quadra, estava distraido quando ele veio de moto e parou perto do portão, acenou para mim, virou e foi embora. Meu coração pulsou mais forte, por que ele iria a coordenação de esportes (o local onde eu estagio) apenas para acenar para mim? Comecei a considerar a possibilidade dele estar flertando comigo.

Era quarta-feira e o os alunos de enfarmagem iam jogar vôlei na quadra, eu estava sentado na minha sala quando o vi passar. Meu coração deu um enorme salto, não sabia ainda se eu estava apenas dando asas a minha imaginação ou se ele realmente gostaria de se relacionar comigo, o problema é que agora eu estava completamente envolvido nisso, e seu sorriso não saia mais da minha cabeça. Fui assistir ao jogo, tinha duas duplas na quadra, uma de cado lado da rede, ele estava no lado esquerdo. Assim que me viu ele acenou e não parou mais de olhar para minha direção, como quisesse se certificar de que eu ainda estava lá. A cada ponto comemorado ele olhava para mim e sorria aquele sorisso largo, sútil, perfeito. Ainda em jogo ele olhou para mim e perguntou:

- Você joga?
-Mais ou menos.- menti.

(Deixa eu interromper o meu post aqui para falar uma coisa para vocês: Ele apareceuuuu agorinha aqui na minha sala, ai meu Deus, eu sou um burro, eu não falei nada, eu não pedi o msn dele, nadinha! Anta, anta, anta!! Gente, ele está dando em cima de mim sim, ai meu Deus. Eu sou o escritor mais louco que já viram, não é? Voltando (gritinhos freneticos) ao texto)

E assim correu todo o jogo, nos olhavamos, sorriamos um para o outro e meu coração quase saia pelo meu nariz porque a boca estava ocupada sorrindo. Ao final da partida fui para a minha sala na esperança dele ir me visitar. Ao perceber que muito tempo já se passou eu fui olhar na quadra para checar se ele ainda se encontrava por lá, meu coração ficou semelhante a uma uva passa quando meus olhos não o enxergaram. Tentei enganar a tristeza me perguntando se talvez ele não tenha ido me ver por que ele estava suado ou algo do tipo. Que ridiculo.

A noite foi longa, não conseguia parar de pensar no que a vida poderia reservar para nós dois, eu estava coberto por um sentimento de culpa por talvez ter deixado aquela oportunidade de ser feliz passar porque eu não sei dar iniciativas. Imaginei n formas de sermos felizes.
Ao acordar pela manhã meu coração já estava mais calmo. Descobri que eu havia perdido meu mp4, o que não foi nada legal, mas como eu sempre perco as coisas eu já não fico mais chateado por causa disso, só o que me incomodava era a sensação de ter perdido algo importante na minha vida. Fui trabalhar à tarde com a essa sensação de estar imcompleto, desejando que ele aparecesse para me ver.

A tarde dava lentas passadas como uma tartaruga até que... ele bateu a porta e pediu para entrar. Meu coração? Ah, meu coração parecia um terreiro de macumba em noite de oferenda a pombagira.

-Eu quero fazer uma reserva da quadra para hoje a noite- Ele disse.
-Tudo bem, eu devo reservar no seu nome? - Disse.
-Sim, meu nome é Daniel ( que lindo).
-Ok, então. - Falava eu de cabeça baixa e escrevendo.
- Você trabalha aqui sozinho a tarde toda?
- Sim, trabalho. Mas só até o dia 23 desse mês. Para que dia a reserva?
-Hoje a noite.
- Que horas?
- De 20:00 às 21: 00.
-Pronto, está reservado.
- Mas espera ai, parece que tem uma atividade nesse dia. - Disse ele observando a tabela com os jogos noturnos.
- Realmente, mas acho que esse jogos ja acabaram.
- Se não puder, não tem problema.
- Eu vou falar com o coordenador, volta aqui mais tarde que eu te dou a resposta( tentando ganhar tempo).


Pois bem, o autor que vos escreve teima em perder as oportunidades enviadas pelo acaso, então, se este pobre autor não abrir a boca para pedir o msn daquele cara, não abrirá a boca para mais nada, e não esperem mais noticias minhas caso isso aconteça.

P.S. Desculpem o drama. : )

quarta-feira, 26 de novembro de 2008


Murillo


E agora, Murillo?
O ano está terminando.
O ensino médio está acabando.
O estágio também.
E o ano que vem?
E agora?

E agora, Murillo?
As responsabilidades virão.
Terá de lutar pela sua independência
Caminhara sozinho a partir de agora.
Murillo, e agora?

E agora, Murillo?
Que está completamente só.
Sua melhor amiga está longe.
Seu namoro acabou.
Suas esperanças também.
Vai fazer o que, Murillo?


E agora, Murillo, e agora?


Uma paródia ridicula de uns dos poemas de Carlos Drummond de Andrade, e esse em particular se chama José, de forma que minha paródia se chama Murillo.

sábado, 22 de novembro de 2008


Por fim as sombras possuem minha alma e nada mais que uma desesperança se encontra em minha face. Apenas quero olhar no espelho e ver no reflexo não a mim, mas outra pessoa. Porque quando olho para meu interior apenas enxergo o fracasso. O porquê de tanto batalha para no final não vencer a guerra? E na covardia que emana de minhas lágrimas e de meu silêncio aos poucos vou me entregando e desistindo de tentar ser feliz, de tentar prosseguir...


E ainda que tenha mil pessoas a minha direita e mais mil a minha esquerda, eu me sinto completamente solitário, porque você está mais em volta para me encher por inteiro e ser equivalente a um milhão.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008


Muito me espantei quando me vi lá, na porta da igreja matriz, sozinho, esperando o carro chegar para que nos levassem ao retiro espiritual. A proposta surgiu no meio da semana, uma velha amiga queria a minha presença no ciclo de irmãos que fariam a viagem. No sábado, o dia da viagem, a surpresa, eu liguei para seu número, ela não ia mais. Me revesti de toda a coragem que eu não tinha e fui sozinho.

Já bastante arrependindo sentei isolado em um canto a espera do meio de locomação que parecia não querer chegar, uma "irmã" se aproximou de mim e disse:" Murillo, amor, que bom que veio". me espantei, não reconhecia seu rosto, estava timido, não queria desapontá-la e dizer que não a conhecia, mas ela facilitou as coisas para mim:" Não se preocupe, você não me conhece, mas já ouvi falar muito sobre você". Conversamos, a viagem se tornara mais agradável.

Chegando a um pequeno povoado, um local sem muitos atrativos, seco por causa do calor... e sem água. Tinhamos que tirar a água de um poço para fazermos qualquer coisa. Confesso ter achado muito divertido. A primeira atitude que tivemos foi arrumar a casa que estava uma completa zona. O espirito de união e trabalho dominava aqueles treze adolescentes que naquele momento julgavam-se donos de si, afinal de contas não é todos os dias que se permace sozinho, sem os cuidados dos pais, tendo de se virar sozinho.

Dentre todos eles um me chamou mais a atenção, um jovem sério, calado, prestativo, sua ansiedade me inquietava, não parava por um segundo, sempre estava fazendo alguma coisa, e o mais interessante e que ele sabia fazer tudo, mas de tudo mesmo. Montara uma fongueira para ascendermos a noite,e fizera nosso jantar, uma deliciosa macarronada. Ele era bonito, mas nada que prendesse sua atenção por muito tempo, mas o que encantava a mim era a forma que ele gostava de anular a sua presença, passar despercebido. Logo dei um jeito de me aproximar dele, mas percebi que a concorrencia era grande, haviam dez mulheres que pensavam da mesma forma, e claro, as dez com a enorme vantagem de serem mulheres, porque isso facilitava muita coisa.

Depois a maioria se recolheu em suas camas um pequeno grupo permaneceu acordado, claro, o meu "homem multiuso com n ultilidades" estava lá, formara uma foguira menor para que pudessemos ficar ao redor dela, e eu disse: "Só faltou o machimellow". Ele disse: "Serve salsicha". Fui buscá-la. Nós conversamos muito, o grupo todo se identificou, eramos 6 ao todo. Ao longo da madrugada nossas mentes diabolicas comerçaram a trabalhar, acordariamos todos com pastas de dente em seus rostos, era um retiro, os desistentes a resistência contra o sono teriam de ser punidos. No ínicio sujamos a nos mesmos, eu disse: " Vou botar a minha inicial em sua testa". Ele apenas sorriu. Coloquei meu M. Logo depois invadimos o quarto das meninas, a brincadeira não deu muito certo, a coordenadora queria nos expulsar. Mas logo as coisas foram se acalmando, mesmo assim, o clima ainda estava um pouco pesado. Ele e eu fomos para o lado de fora, ele foi tomar banho em uma bica que tinha no quintal. Eu não queria voltar lá, estavam todas com raiva. Eu disse: "Nossa, estão bravos, não quero voltar para lá". Ele disse: "Então fique aqui, não ligo de ser assistido enquanto tomo banho". Sentei no murinho que cercava a bica. Enquanto ele tirava a roua meu coração pulsava mais forte, tentava não olhar para ele, ou olhar somente para seus olhos,mas os meus simplismente não me obedeciam. Enquanto conversavamos eu olhava para o corpo dele, para a pele morena, olhava discretamente, timido, deslumbrado.

Com o passar da horas tudo se resolveu, fomos para a porta de uma igreja, rezamos avé maria, pai nosso, entre outras. Ao retornarmos para a pequena casa as tarefas foram dividas, deveriam fazê-las em silêncio para que podessemos "perceverar em Jesus", palavras da coordenadora. Ao fim da tarefa estava deitado ao lado de uma amiga que fiz por ali mesmo, ela estava com dor nas costas, reclamava e fazia cara de dor, então, eu logo pensei que "o garoto multiuso" saberia fazer uma massagem, fui atrás dele, e ele estava na cozinha preparando um churrasco, perguntei: "Minha colega está com dor nas costas, você sabe fazer massagem"? Ele respondeu que sim com a cabeça e disse: "Faça assim: cruze os braços na altura do peito e... espera". Ele se posicionou atrás de mim, abraçou-me segurando os meus braços e levantou a minha coluna que deu um estralo. A sensação que eu tive foi indescritível, ter o seu corpo abraçado ao meu foi...

Era hora de voltarmos para casa, fiquei triste, estava acostumado a conviver com eles, era divertido, cada um foi para um canto e o meu amor de fim de semana se aproximou, pediu para acomodar-se no meu colo, primeiramente fiquei vermelho e depois disse sim. Aproveitei para mecher em seu cabelo, de forma discreta, acho que nem ele percebeu, nossa aventura terminou com o carro da polícia federal pedindo para que encostassemos o carro cujo documento estava a 4 anos vencido.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

A dor.


Sofrer é um processo natural de aprendizagem, de maturidade.

Por correr em nossas veias a sensibilidade , ou seja, por sermos capazes de amar, de sentir, de nos apegar, nos tornamos fáceis vitimas da dor. Sofrer prova nossa humnidade, nossa fragilidade. Acredito que a dor em seu silêncio nos ensina, edifica e constroi o carater do individuo.

Há dores que se curam, outras que permanecem, e latejam , talvez para lembrar-nos que erramos. No entanto o SOFRIMENTO contínuo e desenfreado ao contrário de edificar, desmonta, destroi,o sofrimento permace até quando permitimos, e dele temos que nos livrar rápido.

Pode parecer difícil em meio a tantos turbilhões de informações e em meio a dor procurar aquilo que nos torne mais fortes, mas ela nos torna mais experientes, mais sábios e se soubermos sentir dor ela nos ensinara aquilo que não se aprende na sala de aula.

Não pergunte a si mesmo o porque de tanto sofrimento, procure no sofrimento a lição de vida que ele veio lhe trazer.

domingo, 2 de novembro de 2008

Estamira.


O filme Estamira me surpreendeu, o discurso de uma mulher que diz ter sido enviada ao mundo para revelar a verdade, para lutar contra o "trocadilo" parece não fazer o menor sentido. Mas ela com toda a sua insanidade ao final do filme parece estar mais lúcida do que todos nós.


Depois de ter sido abusada pelo padrasto quando ainda jovem e após isso enviada a um bordel, o mesmo crime se repete já adulta na própria rua onde morava, e ela grita: "Pára pelo amor de Deus". O estuprador responde a ela: "Deus não existe". Casou-se duas vezes, ambas as tentativas de ser feliz fracassaram, com dois filhos, esta mãe solteira teve que criar sua prole com a única arma que tinha, a determinação.


A vida foi muito dura para Estamira, a realidade se tornara insuportável, ela precisa enlouquecer,ela precisa fugir desse mundo. Aos poucos se revoltara contra a vida, contra o "trocadilo". E aos poucos os sinais de loucura e insanidade foram apontando. Agora refugiada em seu subconsciente mudara-se para o lixão, onde julgava ter uma vida feliz, simples e feliz. O que tinha para nos ensinar aquela louca mulher?Aquela mulher que não suportou as surras da vida? No meio de seus discursos insanos habitava a verdade, habitava a dor e o sofrimento de um ser humano.


O trocadilo dito tantas vezes por ela, significa a ordem inversa das coisas, para ela todos estão vivendo de maneira incorreta, estão fazendo tudo ao contrario, não acreditava no Deus do homem, no Deus que puni e é vingativo "Eu não acredito nesse Deus arrombador de casas, nesse Deus vingativo, nesse Deus trocadilo", dizia. Acreditava em um Deus que amava os homens , e por amá-los nunca os machucaria, nunca cometeria injustiças, nunca a ofereceria mais daquilo que ela poderia suportar.


Estamira é um fime/documentário que surpreende por nos atingir de fora direta, porque estamos conscientes da realidade, mas preferimos fingir que nada está acontecendo, e ela está lá para mostar a nós isso, ela está lá para nos revelar a verdade. Estamira é um filme que choca.

terça-feira, 28 de outubro de 2008


Não havia mais sons, não havia mais ruidos dentro de casa. Ao longe escutava-se o barulho de carros, pessoas e música. Era meia noite, mas a cidade não dormia nunca. O quarto de Lucas contava com a má iluminação de uma vela, contava com a discreta iluminação de uma vela, afinal de contas ninguém podia saber que ele estava ali, acordado e escrevendo.

A vela estava cada vez menor, as sombras que fazia tornavam-se figuras ora curiosas, ora engraçadas, ora assustadoras. Ela continuava a derreter sua parafina, morrendo aos poucos. Era sobre esse assunto que seu coração palpitava hoje; A morte. Ele a temia, confessava. O que há do outro lado? Se perguntava. Para as perguntas que não tinham resposta o seu coração se inquietava. Se perguntava se camões tinha medo da morte. Vinicius ou Machado tinham?. Poetas tem medo de morrer? Não, podem ter medo da vida ou do tempo, morte é descanço. Sua avó falecera hoje. Faria um poema para ela.

"Ainda que teu corpo frio
E tua carne rigida esteja debaixo
Da terra escura
Posso sentir sua alma quente
Ao meu lado, na cama."

Seria esse um bom começo?